Idéias Inacabadas - La Passion - Comédie Brésilienne

Esperava ansiosamente pelo seu telefonema. Nunca tivera antes tamanhas provas de paciência. Não sabia o que havia mudado, mas desde que o conhecera temia pela sua liberdade. Sim, ser livre era poder ligar a qualquer hora, sair falando alto e sem olhar para os lados. Será que ser livre era ser só? Não, não era este o ponto. A questão era que desde que o conhecera tivera que rever sua impulsividade. Agora ficava na dúvida se o que julgava liberdade era de fato ou tratava-se de puro capricho. O fato é que vencida por seus impulsos, tinha depois de anos alguém que lhe agitava o coração. Será que era isso? O fato de se ver agitada sem que lhe coubesse qualquer participação tornava a sua impulsividade (ou agitação externa proposital) algo descabido. Não sabia. Tudo era tão novo e tão intenso que se reservava o direito do silêncio. Fato nunca antes registrado. E era neste silêncio que se via vencida pelos fatos. Tinha tantas convicções, tantas verdades, tantas experiências e percebia que nada do que sabia poderia lhe ajudar a entender o que estava sendo. A questão era essa, se explicasse acabaria o sentido, pois quando as palavras dessem nomes a cada momento, a cada olhar...saberiam os dois que aquela seria somente mais uma das tantas histórias de amor. Poxa! Se sentiu aturdida, como poderia saber tratar-se de uma história de amor. Puro blefe, pois não sabia. E se houvesse um checklist, certamente não estaria esta entre elas. Sentiu medo, pois sentada num banco, continuava a olhar para o relógio. Será que hoje seria o fim? Será que tudo se reduziria a lembranças? Não tinha nenhuma resposta, mas se fazia todas as perguntas. Jurava para si mesma que se aquele fosse o ultimo encontro, seguiria feliz com as emoções que conhecera. Não sabia se era verdade o que dizia a si mesma, mas tentava acreditar naquilo como uma forma de não sofrer por previsão...


Mirian Carvalho Lopes - Rio - Outubro de 2011

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